terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Carta à Comissão de Combate a Intolerância Religiosa



Prezados,
Meu nome é Roberta Pereira de Paula Rodrigues e professo a fé Umbandista.
Venho aqui expressar minha indignação desencadeada pela vinheta sobre transmitida pelo canal de TV aberta denominado Record em onze de fevereiro de 2012 às 12:40.
A dita vinheta é apenas uma de uma série delas com o mesmo assunto: fé. Até então nenhuma delas havia me indignado, sobretudo por ser um material que transmite mensagens de fé em Deus, valor da família e reforma moral, sem estarem relacionadas diretamente com uma religião específica, apesar de todos sabermos publicamente que o presidente da Rede Record de televisão é um famoso sacerdote da religião Cristã Evangélica.
Porém, esta vinheta específica veiculada na data e horário mencionados, faz uma colocação bastante delicada, pois incita o preconceito por uma religião ao usar o nome da mesma relacionando-a a problemas de alcoolismo.
Tentarei agora descrever a vinheta em questão.
Primeiramente um homem de meia idade começa a relatar problemas com alcoolismo passados por ele, e durante este relato diz com estas palavras: “eu tinha probrema de espiritismo1”. No fim do seu relato conta que a “igreja” (entende-se Evangélica) foi o lugar que o ajudou a se recuperar ao apresentá-lo a Jesus.
Gostaria de registrar aqui minha opinião a favor da reforma moral apoiada na ajuda de uma religião. Quando a Igreja Evangélica consegue promover a libertação do vício da bebida, drogas ou crime em indivíduos, temos aí algo realmente louvável. No entanto não podemos esquecer que esta mesma libertação também pode acontecer pelo trabalho desenvolvido por outras religiões e até mesmo por grupos de apoio social com ou sem orientação doutrinária religiosa.
Com isso quero dizer que da mesma forma que acredito que a reforma moral não pode ser atribuída à religião A ou B, um problema como o vício do alcoolismo não pode ser veiculado em rede nacional, principalmente em uma emissora de tv tão popular como a Rede Record, como algo ligado à religião conhecida como Espiritismo.
Aproveito para convidar a todos que leem este texto a uma rápida reflexão sobre a frase proferida na vinheta.
Inicialmente o que nos chama à atenção é a pronúncia da palavra problema. Esse equívoco de pronúncia é comumente observado em populações carentes que não tiveram muita oportunidade de acesso a ambientes de leitura e estudo da língua portuguesa em sua norma culta. Não quero aqui proferir qualquer juízo de valor, até porque minha própria mãe pronunciava algumas palavras assim, que foram, com o tempo, corrigidas por duas filhas formadas em nível superior, com paciência e amor. Porém é fato que minha mãe não teve oportunidade de terminar o ensino fundamental e não gosta de ler. Com isso podemos concluir que ele próprio não possui conhecimento básico do que vem a ser o Espiritismo.
Outro detalhe que chama à atenção é a colocação sobre o causador do problema. É bastante estranho alguém atribuir um problema a uma religião em si. Seria difícil imaginarmos alguém dizendo que tem problema de Cristianismo, ou de Budismo por exemplo. Pessoas não têm problemas de religião, mas podem ter problemas com algumas doutrinas ou filosofias relacionadas a algumas religiões. Neste momento passo até a crer que esta pessoa estava querendo afirmar que teve problemas espirituais e não de Espiritismo.
O fato de termos uma pessoa com pouca cultura, e praticamente nenhum conhecimento do que realmente seja o Espiritismo na televisão de milhares de lares brasileiros proferindo tais palavras e incitando maior preconceito nas tantas faixas sociais que assistem a Rede Record é algo abominável. Contudo ainda mais abominável é o fato de que são pessoas com cultura aprofundada as responsáveis por produzir, editar e colocar no ar tamanha atrocidade.
Deixo, portanto, registrada nesta carta/texto minha indignação e meu desejo que a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa possa, através de seus representantes, tomar providências acerca deste caso. E, como forma de propagação desta notícia, compartilho meus pontos de vista com irmãos de fé através de blogs Umbandistas, também deixando claro que o assunto diz respeito a todas as religiões e à sociedade em geral.



1“O Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança.”   Allan Kardec (O Evangelho segundo o Espiritismo – cap. VI – 4)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Iemanjá

Iemanjá


Nossa Senhora dos Navegantes (Nossa Senhora das Candeias)
Consta que o início da devoção à Nossa Senhora dos Navegantes originou-se na Idade Média por ocasião das Cruzadas, quando os cristãos invocavam a proteção de Maria Santíssima. Sob o título de "Estrela do Mar", rogavam sua proteção os cruzados que faziam a travessia pelo Mar Mediterrâneo em direção à Palestina.
É a padroeira não só dos navegantes, mas também de todos os viajantes. Tal tradição foi mantida entre os marítimos e foi difundida pelos navegadores portugueses e espanhóis, disseminando-se entre os pescadores litorâneos principalmente nas terras colonizadas pela Espanha e Portugal. As conseqüências foram a multiplicação de capelas, igrejas e santuários nas regiões pesqueiras, particularmente no Sul do Brasil, onde a concentração de cidades que a veneram como padroeira é significativamente expressiva.
A estátua de Nossa Senhora dos Navegantes foi trazida pelos portugueses no século XVIII,em uma das viagens feitas de Portugal para o Brasil. O dia do ano dedicado a Nossa Senhora dos Navegantes é 2 de fevereiro.
A designação Nossa Senhora dos Navegantes, originou-se no século XV, com a navegação dos europeus, especialmente dos portugueses.
Aqueles que viajavam, pediam proteção à Nossa Senhora, para retornarem salvos à pátria.
O simbolismo da mulher corajosa e orientadora dos viajantes, fez com que Maria fosse vista como uma eterna vencedora dos inimigos das tempestades.
Costuma-se festejar o dia que lhe é dedicado, com uma grande procissão fluvial no Brasil.
Também conhecida pelos devotos como festa de Nossa Senhora das Candeias é comemorada desde o século IV, substituindo os ritos pré-cristãos da fertilidade.
Candeias são pequenos aparelhos de iluminação, suspensos por um prego, com recipientes de folha-de-flandres, barro, ou outro material, abastecidos com óleo, no qual se embebe uma torcida.
Segundo a lei mosaica, todo filho varão deve ser apresentado no Templo após quarenta dias do seu nascimento, onde a mãe é submetida a um ritual de purificação.Nossa Senhora se submeteu a essa lei, apresentando o menino Jesus no Templo Sagrado.
Esta festividade dos luzeiros foi denominada "Candeias", porque ainda hoje percorre-se o caminho que Maria fez até o Templo. Os fiéis seguem em procissão, levando nas mãos velas acessas.
Nossa Senhora das Candeias é a padroeira dos alfaiates e das costureiras.



Oração a Nossa Senhora dos Navegantes

Ó Nossa Senhora dos Navegantes,
Mãe de Deus,
Criador do céu, da terra, dos rios, dos lagos e dos mares.
Protegei-me em todas as minhas viagens,
Dos ventos, tempestades, borrascas,
Raios e ressacas para que não perturbem minha viagem,
E que nenhum incidente ou imprevisto cause alteração,
Ou atrase a minha viagem,
Nem me desvie da rota traçada.
Virgem Maria,
Senhora dos Navegantes,
Minha vida é uma travessia de um mar turbulento.
As tentações, os fracassos e as desilusões
São ondas impetuosas,
Que ameaçam afundar minha frágil embarcação
No abismo do desânimo e do desespero.
Nossa Senhora dos Navegantes,
Nas horas de perigo eu penso em vós.
O medo desaparece,
O ânimo, a disposição de lutar
E de vencer fortalecem-me.
Com a vossa proteção e a bênção de seu filho.
A embarcação da minha vida há de ancorar segura
E tranqüila no porto da eternidade.
Nossa Senhora dos Navegantes,
Rogai por nós,
Amém.



                                                  Iemanjá

Iemanjá (yemanjá), a Rainha do Mar, mãe de quase todos os orixás, é exaltada por negros e brancos. Iemanjá, possui vários nomes: sereia do mar, princesa do mar, rainha do mar, Inaé, Mucunã, Dandalunda, Janaína, Marabô, Princesa de Aiocá, Sereia, Maria, Dona Iemanjá; dependendo de cada região, mas sua origem vem da África. "A Iemanjá brasileira é resultado da miscigenação de elementos europeus, ameríndios e africanos".
"Afrodite brasileira", Iemanjá é a padroeira dos amores e muito solicitada em casos de desafetos, paixões conflituosas, desejos de vinganças, tudo pode ser conseguido caso ela consinta. Iemanjá exerce fascínio nos homens, sua beleza é o esteriótipo da beleza feminina: Longos cabelos negros, feições delicadas, corpo escultural e muito vaidosa.
Têm poderes sobre todos aqueles que entram em seu domínio, o mar. Venerada e respeitada por pescadores e todos aqueles que vivem no mar, pois a vida dessas pessoas estão em suas mãos, segunda a lenda é ela quem decide o destino das pessoas que adentram seu império: enseadas, golfos e baías. Dona de poderes, a tranquilidade do mar ou as tempestades estão sob o seu domínio.
No sincretismo religioso, Iemanjá tem identidade correspondente a outros santos, como na igreja católica é Nossa Senhora de Candeias, Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Piedade e a Virgem Maria.
Em cada lugar do Brasil Iemanjá é festejada, mas as datas diferem de um lugar para outro. No Rio de Janeiro seu culto é festejado no dia 31 de Dezembro, junto à passagem de ano, onde os devotos oferecem oferendas: Velas, espelhos, pentes, flores, sabonetes e perfumes... na esperança de que ela leve todas as tristezas, problemas e aflições para o fundo do mar e traga dias melhores. Na Bahia sua data é comemorada no dia de Nossa Senhora das Candeias, 2 de fevereiro. Venerada nos Candomblés da Bahia, recebe muitas homenagens e oferendas.
Iemanjá também é conhecida como deusa lunar, rege os ciclos da natureza que estão ligados a água e caracteriza a "Mudança", na qual toda mulher é submetida devido a influência dos ciclos da lua.
Mãe de quase todos os órixas, é a deusa da compaixão, do perdão e do amor incondicional.
Casada com Oxalá, Iemanjá é o arquétipo da maternidade. Outras vezes Iemanjá continua bela, mas pode apresentar-se como a Iara, metade mulher, metade peixe, as sereias dos candomblés do caboclo.
Nota: Em Cuba, Yemayá também possui as cores azul e branca, é uma rainha do mar negra, assume o nome cristão de La Virgen de la Regla e faz parte da Santeria como santa padroeira dos portos de Havana.

          MITOLOGIA - LENDA (Arthur Ramos)

Com o casamento de Obatalá, o Céu, com Odudua, a Terra, que se iniciam as peripécias dos deuses africanos. Dessa união nasceram Aganju, a Terra, e Iemanjá (yeye ma ajá = mãe cujos filhos são peixes), a Água. Como em outras antigas mitologias, a terra e a água se unem. Iemanjá desposa o seu irmão Aganju e tem um filho, Orungã.
Orungã, o Édipo africano, representante de um motivo universal, apaixona-se por sua mãe, que procura fugir de seus ímpetos arrebatados. Mas Orungã não pode renunciar àquela paixão insopitável. Aproveita-se, certo dia, da ausência de Aganju, o pai, e decide-se a violentar Iemanjá. Essa foge e põe-se a correr, perseguida por Orungã. Ia esse quase alcançá-la quando Iemanjá cai no chão, de costas e morre. Imediatamente seu corpo começa a dilatar-se. Dos enormes seios brotaram duas correntes de água que se reúnem mais adiante até formar um grande lago. E do ventre desmesurado, que se rompe, nascem os seguintes deuses: Dadá, deus dos vegetais; Xango, deus do trovão; Ogum, deus do ferro e da guerra; Olokum, deus do mar; Oloxá, deusa dos lagos; Oiá, deusa do rio Niger; Oxum, deusa do rio Oxum; Obá, deusa do rio Obá; Orixá Okô, deusa da agricultura; Oxóssi, deus dos caçadores; Oké, deus dos montes; Ajê Xaluga, deus da riqueza; Xapanã (Shankpannã), deus da varíola; Orum, o Sol; Oxu, a Lua.
Os orixás que sobreviveram no Brasil foram: Obatalá (Oxalá), Iemanjá (por extensão, outras deusas-mães) e Xango (por extensão, os outros orixás fálicos).
Com Iemanjá, vieram mais dois orixás yorubanos, Oxum e Anamburucu (Nanamburucu). Em nosso país houve uma forte confluência mítica: com as Deusas-Mães, sereias do paganismo supérstite europeu, as Nossas Senhoras católicas, as iaras ameríndias.
A Lenda tem um simbolismo muito significativo, contando-nos que da reunião de Obatalá e Odudua (fundaram o Aiê, o "mundo em forma"), surgiu uma poderosa energia, ligada desde o princípio ao elemento líquido. Esse Poder ficou conhecido pelo nome de Iemanjá.
Durante os milhões de anos que se seguiram, antigas e novas divindades foram unindo-se à famosa Orixá das águas, como foi o caso de Omolu, que era filho de Nanã, mas foi criado por Iemanjá.
Antes disso, Iemanjá dedicava-se à criação de peixes e ornamentos aquáticos, vivendo em um rio que levava seu nome e banhava as terras da nação de Egbá.
Quando convocada pelos soberanos, Iemanjá foi até o rio Ogun e de lá partiu para o centro de Aiê para receber seu emblema de autoridade: o abebé (leque prateado em forma de peixe com o cabo a partir da cauda), uma insígnia real que lhe conferiu amplo poder de atuar sobre todos os rios, mares, e oceanos e também dos leitos onde as massas de águas se assentam e se acomodam.
Obatalá e Odudua, seus pais, estavam presentes no cerimonial e orgulhosos pela força e vigor da filha, ofereceram para a nova Majestade das Águas, uma jóia de significativo valor: a Lua, um corpo celeste de existência solitária que buscava companhia. Agradecida aos pais, Iemanjá nunca mais retirou de seu dedo mínimo o mágico e resplandecente adorno de quatro faces. A Lua, por sua vez, adorou a companhia real, mas continuou seu caminho, ora crescente, ora minguante..., mas sempre cheia de amor para ofertar.
A bondosa mãe Iemanjá, adorava dar presentes e ofereceu para Oiá o rio Níger com sua embocadura de nove vertentes; para Oxum, dona das minas de ouro, deu o rio Oxum; para Ogum o direito de fazer encantamentos em todas as praias, rios e lagos, apelidando-o de Ogum-Beira-mar, Ogum-Sete-ondas entre outros.
Muitos foram os lagos e rios presenteados pela mãe Iemanjá a seus filhos, mas quanto mais ofertava, mais recebia de volta. Aqui se subtrai o ensinamento de que "é dando que se recebe".
Fonte: Deusa Iemanjá
Meu respeito e admiração pela cultura e a crença.
Saudação à Iemanjá, a Rainha do Mar: Odô-fe-iaba! Odô-fe-iaba! Odô-fe-iaba!


Iemanjá

Significado: iya; mãe. Omo; filho. Eja, peixe
Dia da semana: Sábado
Cores: branco e azul (cristal translúcido)
Saudação: O doiá! (odo, rio)
Elemento: água
Domínio: mar, água salgada
Instrumento: abebê (espelho)
Iemanjá é proveniente de uma nação chamada Egbá, na Nigéria, onde existe um rio com o mesmo nome deste orixá.
Ela seria filha de Olokum (mar) e mãe da maioria dos Orixás. Sua cor é branca, associada ao orixá Oxalá e juntos teriam feito a criação do mundo.
Na África, Iemanjá é associada à fertilidade e fecundidade.
Nas danças míticas, seus iniciados imitam o movimento das ondas executando curiosos gestos, ora como se estivessem nadan¬do no mar, abrindo os braços, ora levando as mãos à testa e ele¬vando-as ao céu, indicando as variações das ondas do mar.
Iemanjá segura um leque de metal e um espelho. Tem diversos nomes (ou qualidades) referentes à diversidade e às diferentes profundidades dos trechos do rio "Yemoja".
Iemanjá representa a criação efetivada. O seu leque, chamado abebê, tem em seu centro um recorte, onde surge o desenho de uma sereia. Em outros modelos deste apetrecho, constam a lua e a estrela.
Complacente e pródiga, é responsável pela pescaria farta, além da vida com abundância de alimentos. Ela não lembra a volúpia das sereias das lendas européias ou a Iara dos mitos indígenas, mas é representada e cultuada com muito respeito, pois é a mãe da criação.

         Salve Iemanjá, Rainha do Mar...
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