quinta-feira, 26 de julho de 2012

Saluba Nanã Burukê!!!





Falando um pouco de
Santa Ana...

Mulher nazarena que
apesar de não ser mencionada nos Evangelhos, pela tradição da Igreja Católica
seria a mãe da Virgem Maria e, portanto, avó materna de Jesus Cristo. De acordo
com a tradição, era filha de Natã, sacerdote belemita, e de Maria, e foi a mais
jovem de três irmãs bíblicas. Suas outras irmãs mais velhas seriam Maria de
Cleofas, mãe de Salomé, e Sobé, mãe de santa Isabel, que geraria são João
Batista. Casou-se com são Joaquim e por muitos anos permaneceu estéril, só
dando a luz a Maria em avançada. Teria morrido pouco depois de apresentar Maria
no Templo, consagrando-a a Deus, quando a filha contava apenas três anos de
idade. Seu culto difundiu-se no Oriente, e no século VI o imperador Justiniano
mandou erguer-lhe um templo em Constantinopla. Nos séculos seguintes a
veneração expandiu-se também pela Europa. Em uma bula (1584) o papa Gregório
XIII instituiu que sua festa seria comemorada no dia 26 de julho, mês que
passou a ser denominado mês de sant'Ana. Venerada como padroeira das mulheres
casadas, especialmente das grávidas, cujos partos torna rápidos e
bem-sucedidos, é também protetora das viúvas, dos navegantes e marceneiros.

Oração
a Santa Ana

Senhora Santa Ana, fostes chamada
por Deus a colaborar na salvação do mundo.
Seguindo os caminhos da
Providência Divina, recebestes São Joaquim por esposo.
Deste vosso matrimônio, vivido em
santidade, nasceu Maria Santíssima, que seria a Mãe de Jesus Cristo.
Formando Vós família tão santa,
confiantes nós pedimos por esta nossa família.
Alcançai-nos a todos as graças de
Deus: aos Pais deste lar, que vivam na Santidade do matrimônio e formem seus
filhos segundo o Evangelho; aos Filhos desta casa, que cresçam em sabedoria,
graça e santidade e encontrem a vocação a que Deus os chamou.
E a Todos nós, Pais e Filhos,
alcançai-nos a alegria de viver fielmente na Igreja de Cristo, guiados sempre
pelo Espírito Santo, para que um dia após as alegrias e sofrimentos desta vida,
mereçamos também nós chegar à casa do Pai, onde vos possamos encontrar, para
juntos sermos eternamente felizes, no Cristo, pelo Espírito Santo.

Amém.




Mãe
Nanã - Maturidade (Razão e Sabedoria)

Na Idade Madura, o
ser, ao tornar-se mais racional, começa a ter uma "luz interior"
alimentada por sólidos princípios que o guiam. Essa "luz interior" é
que, logo após o desencarne, irá distinguir um ser livre de outro preso aos
instintos e impulsos. A divindade que acompanha nosso fim na carne, assim como nossa
entrada, em espírito, no mundo astral, é Mãe Nanã. Nessa porta de passagem, ela
atua sobre o nosso carma, conduzindo esta transição com calma e serenidade. Mãe
Nanã Buruquê é a maleabilidade e a decantação, é a calma absoluta, que se
movimenta lenta e cadenciadamente. Essa calma absorvente de Mãe Nanã, exige
silêncio; descarrega e magnetiza o campo vibratório das pessoas, que se
modificam, passando a agir com mais ponderação, equilíbrio e maturidade. Mas,
maturidade não é sinônimo de idade e idade não é sinônimo de sapiência nem de
maturidade. Maturidade é sabedoria, é o desenvolvimento e o compartilhamento de
virtudes, é o uso da razão, com simplicidade, harmonia, equilíbrio, amor e fé.
O ser mais racional, guiado por princípios virtuosos, tem uma luz que se
reflete em sua aura, dando-lhe um aspecto luminoso, sóbrio e estável, pois
resiste aos contratempos que porventura surjam em sua vida. Essa luz se expande
a partir de seu íntimo e fortalece sua aura. O ser racional, em sua velhice, é
o pai e a mãe preocupado(a) com o bem estar de seus filhos e netos, que sabe se
mostrar agradável aos jovens, por ser extrovertido, sem se tornar frívolo....
Os seres maduros têm sua religiosidade fundamentada em princípios abrangentes e
consegue sublimar-se muito rapidamente após o desencarne. Desliga-se do plano
material e busca seus afins nas esferas de luz. Já nos seres presos aos
impulsos, sem maturidade, sua luz é exterior e varia conforme seu estado de
espírito. O ser imaturo, quando atinge a velhice, começa a sofrer muito, por
não possuir energias humanas para alimentar seu corpo emocional e acaba
tornando-se apático, desinteressado, implicante etc. Sua luz vai se exaurindo
com o advento da velhice, num processo oposto ao dos seres maduros. A luz de um
ser é a sublimação de seu espírito humano, que irá se conduzir segundo os
princípios divinos que regem toda a criação...

A Orixá Nanã rege
sobre a maturidade e seu campo preferencial de atuação é o racional dos seres,
que, se emocionados, sofrem sua atuação, aquietando-se e chegando até a ter
suas evoluções paralisadas. Ela age decantando-os de seus vícios e
desequilíbrios mentais e preparando-os para uma nova vida, mais equilibrada. De
todos os Orixás, Nanã é quem tem um dos mistérios mais fechados, pois seu lado
negativo é habitado por entidades com um poder enorme e como Orixá, é fechada
às pesquisas de sua força ativa. Ela desfaz os excessos e decanta, ou enterra
os vícios. Ela é a maleabilidade e a decantação, pois é uma Orixá água-terra. É
cósmica, dual e atua  por atração magnética sobre os seres cuja evolução
está paralisada e o emocional desequilibrado. Ela desparalisa o ser, decanta-o
de todo negativismo, afixa-o no seu barro, deixando-o pronto para a atuação de
Obaluayiê, que o colocará numa nova senda evolutiva. Ela é a divindade ou o
mistério de Deus que atua sobre todos os espíritos que vão reencarnar, pois
decanta todos os seus sentimentos, mágoas e conceitos e os adormece, para que
Obaluayiê reduza-os ao tamanho de feto no útero da mãe que os reconduzirá à luz
da carne. Mãe Nanã envolve o espírito que irá reencarnar, em uma irradiação que
dilui todos os acúmulos energéticos, assim como adormece sua memória,
preparando-o para uma nova vida na carne, onde não se lembrará de nada do que
já vivenciou. Por isso, ela é associada à velhice, que é quando a pessoa começa
a se esquecer de muitas coisas da sua vida carnal. Ela atua na memória dos
seres, adormece os conhecimentos do espírito, para que eles não interfiram com
o destino traçado para a encarnação. Como Orixá, sua manifestação é através de
movimentos lentos e cadenciados, porque traz em si uma energia e magnetismo
muito forte. Nanã é uma guardiã que tem seu ponto de força natural, nos lagos,
mangues, rios caudalosos e nos deltas e estuários dos rios. Seu campo de ação
está localizado nos lagos; tudo ali traz uma calma, uma tranqüilidade que não é
encontrada nos outros pontos de força da natureza. No lado místico, Nanã é a
divindade que acompanha nosso fim na carne, assim como nossa entrada, em
espírito, no mundo astral. Nessa porta de passagem, Nanã, atua sobre nosso
carma, conduzindo esta situação com calma, para que o espírito não tome
conhecimento da sua transição de um plano vibratório a outro. Nanã é também
guardiã do ponto de força da natureza que absorve as irradiações negativas que
se acumulam no espaço, criadas pelas mentes humanas nos momentos de angústia,
dor ou ódio. Nanã Buruquê é dual porque manifesta duas qualidades ao mesmo
tempo. Uma vai dando maleabilidade, desfazendo o que está paralisado ou
retificado, a outra vai decantando tudo e todos os seus vícios, desequilíbrios
e negativismos. Ela desfaz os excessos e decanta ou enterra os vícios. Nanã
Buruquê forma com Obaluayiê um par natural; são os Orixás  responsáveis
pela evolução dos seres. Se Obaluayiê é estabilidade e evolução, Nanã é a
maleabilidade e a decantação que polarizada com ele e, ambos, dão origem à
irradiação da Evolução. Ela atua também na linha da vida, que no início tem
Oxum, estimulando a sexualidade feminina, no meio tem Iemanjá, estimulando a
maternidade e no fim tem Nanã, paralisando a sexualidade e a geração de filhos,
quando se instala a menopausa. Nanã, é um dos Orixás mais respeitados no ritual
de Umbanda, por se mostrar como uma vovó amorosa, sempre paciente com nossas
imperfeições como espíritos encarnados tentando trilhar a senda da luz. Os
santuários naturais, pontos de força regidos por  nossa mãe Nanã Buruquê
(os lagos), têm seu próprio campo magnético absorvente poderosíssimo, que varia
de sete a setenta e sete metros, a partir das margens. Ali reina a calma
absoluta, característica que é própria de Nanã, que se movimenta lenta e
cadenciadamente, porque traz em si uma energia e um magnetismo muito fortes.

Nanã Buruquê é a
maleabilidade e a decantação e atua por atração magnética sobre os seres com
evolução paralisada e emocional desequilibrado. Essa calma absorvente exige
silêncio e descarrega e magnetiza o campo vibratório das pessoas,  que se
modificam, passando a  agir com mais ponderação e equilíbrio. Ela desfaz
os excessos, decanta o negativismo e os vícios e os afixa no seu barro. Nanã,
quando vibra à esquerda, no seu lado negativo, é a guardiã do ponto de força
das águas estagnadas. A ação negativa das águas paradas pode tirar o equilíbrio
de uma pessoa, de uma só vez, provocando desequilíbrio e doenças espirituais,
ao atuarem através dos líquidos do corpo humano. O seu ponto de força, quando
orientado para nos auxiliar, é absorvente, mas, quando voltado contra nós, é
destrutivo, desarmonizador e desequilibrador. Nanã é também a guardiã dos
deltas e estuários, locais em que os rios são absorvidos pelo mar. Ela é a
Guardiã do ponto de força da Natureza que absorve as irradiações negativas,
tanto as que são trazidas pelas correntes magnéticas ao redor da litosfera,
quanto as forças negativas criadas pelas mentes humanas. Esses pontos são como
pára-raios, que descarregam todas as irradiações captadas.

Fonte: Manual
Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista Lurdes de Campos Vieira
(Coord.) – Madras Ed.

Oração a Nanã
À minha mãe Nanã, eu peço a benção e proteção para todos os passos de minha vida.
À minha mãe Nanã, eu peço que abençoe o meu coração, minha cabeça, meu espírito e corpo.
Que aos poderes dados somente à Senhora das Senhoras, sejam caridosos e benevolentes, e me escondam de meus inimigos ocultos e poderosos.
Minha querida Mãe e Senhora, tenha piedade de meu coração. para merecer a sua proteção e caridade.
À minha mãe Nanã, eu lhe devoto minha fé e minhas palavras.
Assim Seja! Saluba Nanã!!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Quem é Preto Velho?


Pretos velhos, já pararam para pensar no significado deste tema “Preto Velho” ?
Sem dúvida nenhuma a maioria dos irmãos espíritas, usam este termo para qualificar, distinguir uma determinada falange espiritual, mas é só, nem por um momento se aprofundam em seu significado, pensam simplesmente que é a falange de escravos velhos, que desencarnaram como tal nesta terra e nada mais.
Preto velho, quanto, mas quanto, este termo é profundo, ele representa a Humildade, a Simplicidade daqueles que evoluíram através dos séculos em direção ao amor de Cristo.
Quantos espíritos titulados “pretos velhos” em outras encarnações não foram doutores, filósofos, matemáticos, padres, apóstolos, reis, monges orientais, magos, etc., quantos, quantos eu vos pergunto?
Ora bem sabeis que após a reencarnação o espírito readquire a sua Identidade Integral, voltando aos poucos a sua “inteligência” todas as reencarnações passadas e os ensinamentos adquiridos nelas, também é sabido que um espírito desencarnado pode apresentar-se da forma que lhe aprouver, conforme a sua evolução, portanto um preto velho que foi um filósofo em outra encarnação como tal poderia se apresentar, da mesma forma que um médico em sua última reencarnação pode se apresentar como preto-velho se este foi o seu estado em reencarnação anterior.
Por isto meus irmãos, é que os Pretos Velhos são considerados a falange mais doce, a mais simples e a mais humilde das falanges que fazem parte da umbanda, são também os mais pacienciosos, sempre prontos a perdoar, a por “panos quentes”, preferindo eles dar grandes voltas para chegar a um objetivo do que ir diretamente a ele, se isto for causar mágoa em alguém.
Só utilizam medidas drásticas em último caso, têm como companheiros de trabalho as almas (espíritos desencarnados a procura de luz), que eles em sua sabedoria infinita ajudam dando-lhes tarefas, ensinando-as assim o lindo caminho da real caridade, preparando-as para uma futura reencarnação.
Pretos velhos, Pretos velhos, qual seria a razão de vós teres desejado resgatar suas últimas dívidas como escravos, tratados muitas vezes como animais, perdoando a cada chibatada, a cada dor, na certa nesta posição vos colocastes para amparar espíritos fracos encarnados na mesma situação, ou talvez através de seu exemplo de humildade e paciência, fazer brotar a semente do amor em seus algozes.
Vós que agüentastes a escravatura até o fim de vossos dias terrenos, aproveitando a jornada para derrubar as vossas últimas fraquezas, vossos últimos vícios, vós que separados de seus filhos de sangue, vos tornastes Pai e Mãe de muitos filhos espirituais, a todos vós, por tudo que tens feito na seara do Senhor Jesus, eu elevo o meu pensamento de amor, o meu pensamento de agradecimento, pois a vossa existência é a prova que só o Amor, a Caridade e a Humildade poderão nos conduzir a espiritualidade Maior.

Ditado por Gilson Gomes em 13-05-82.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Pontos Riscados na Umbanda Tradicional



A palavra caboclo vem do tupi kareuóka, que significa da cor de cobre; acobreado. Espírito que se apresenta de forma forte, com voz vibrante e traz as forças da natureza e a sabedoria para o uso das ervas. A marca mais característica da Umbanda, uma religião surgida no Brasil no final do século XIX e início do século XX, é a manifestação de entidades espirituais, por meio da mediunidade de incorporação. Os primeiros espíritos a “baixar” nos terreiros de Umbanda foram aqueles conhecidos como Caboclos e Pretos-velhos, a seguir surgiram outras formas de apresentação como as Crianças, conhecidas, variadamente, como Erês, Cosme e Damião, Dois-dois, Candengos, Ibejis ou Yori.

Essas três formas, Crianças, Caboclos e Pretos-velhos, podem ser consideradas as principais porque resumem vários símbolos: representam, por exemplo, as raças formadoras do povo brasileiro - indígenas, negros e brancos europeus - e também representam as três fases da vida - a criança, o adulto e o velho - mostrando a dialética da existência. Além disso, trazem valores arquetipais de Pureza e Alegria na Criança; Simplicidade e Fortaleza no Caboclo e a Sabedoria e Humildade dos Pretos-velhos, mostrando o caminho para a evolução espiritual dos sentimentos, do corpo físico e da mente. Com a expansão da Umbanda, muitas entidades apareceram, como os Baianos, Boiadeiros, Marinheiros e outras, sem falar de Exu, outro grande ícone umbandista.

Existem variações no entendimento que os umbandistas têm sobre o que sejam os caboclos. As variações são próprias do movimento umbandista, notavelmente plural, mas há consenso na Umbanda, no fato de que os Caboclos são espíritos de humanos que já viveram encarnados no plano físico e são, portanto, nossos ancestrais. É interessante notar que em alguns cultos afro-brasileiros, os caboclos são considerados “encantados” e se relacionam com os espíri­tos da natureza, recebendo nomes de animais, plantas ou outros elementos naturais. Essa percepção se aproxima das lendas indígenas que narram um tempo em que os animais falavam e viviam em comunhão com os homens, podendo um se transformar no outro.

A palavra caboclo vem do tupi kariuóka, que significa da cor de cobre; acobreado. A partir daí vem a relação com os índios brasileiros, de tez avermelhada. Assim, a palavra caboclo passou a designar aquilo que é próprio de bugre, do indígena brasileiro de cor acobreada. Posteriormente surgiu a noção de caboclo como mestiço de branco com índio, o sertanejo. Dada essa relação dos caboclos com os indígenas - nos terreiros de Umbanda é dessa forma que se manifestam -, e aproximando esse fato ao Orixá Oxossi, que em África é cultuado como Odé, o caçador, o Senhor das Florestas, conhecedor dos segredos das matas e dos animais que lá vivem, diz-se que os Caboclos que baixam na Umbanda são espíritos ligados a Oxossi.

Muitos entendem que somente esses são caboclos e que as entidades da vibração de Ogum, Xangô, Yemanjá e Oxalá não seriam, propriamente, caboclos. No entanto, há caboclos da praia, do mar e das ondas, das pedreiras, das cachoeiras, dos rios etc., cujos elementos se associam mais aos outros Orixás que a Oxossi.

Outra maneira de se interpretar as entidades de Caboclo, é como espíritos que se apresentam na forma de adultos, com uma postura forte, de voz vibrante, que trazem as forças da natureza, manipulando essas energias para trabalhar nas questões de saúde, vitalidade e no corte de correntes espirituais negativas. Seu linguajar pode se assemelhar ao dos indígenas, paramen­tados ou não com cocares, arcos e flechas, machadinha e espadas. Aqui estamos entendendo os Caboclos de maneira mais ampla, como símbolo de fortaleza, do vigor da fase adulta, existindo caboclos de Oxossi, Xangô, Ogum e mesmo aquelas entidades ligadas aos orixás femininos, como Yemanjá, Oxum, Yansã. É claro que essas últimas entidades não vêm como índias, mas com uma forma tipicamente relacionada aos seus atributos. Todavia, são entidades que se apresentam como adultos.

Mas, podemos dizer que todas as entidades de Umbanda, especialmente as Crianças, Caboclos e Pretos-Velhos, são espíritos ancestrais que estão ligados, cada um, a um Orixá. Assim, as crianças trazem a vibração dos Orixás Ibeji, conhecidos na Umbanda Esotérica como Yori; os Pretos-velhos vêm sob as vibrações dos Orixás Obaluaiê, Nana Burukum ou Yorimá e os Caboclos podem ser de Oxossi, Xangô, Ogum etc. Também é preciso falar que existem os chamados cruzamentos vibratórios em que uma entidade de Ogum, por exemplo, pode trazer também as forças de outro orixá, como Ogum Yara que além das forças de Ogum, movimenta também as forças dos Orixás das águas, como Yemanjá, Oxum etc. Este é um dos nomes pelo qual é conhecida a Umbanda.

O que realmente quer dizer essa luz velada, da qual a Umbanda é senhora? Tratando-se de um Movimento Espiritualista Cristão, a Umbanda é um dos meios pelos quais a Espiritualidade Superior toca seus clarins, conclamando a humanidade para a volta a Luz. Se essa Luz ainda está velada, é função do Movimento Umbandista, como um dos agentes da Misericórdia de Deus, pela ação dos abnegados Instrutores Espirituais, torná-la conhecida e brilhante, atingindo a todos aqueles que dele se acercam. Os estudiosos do assunto dizem que Umbanda é um vocábulo oriundo do termo abanheenga (a mais antiga língua falada no Brasil) “AUMBANDAM”, que significa: “o conjunto das Leis Divinas”. Outros dizem tratar-se, também, a sua origem da expressão m’banda (termo yorubá) que significa “aquele que cura”.

Essas leis estão gravadas no nosso ser, infelizmente, para a maioria dos homens, de forma velada, cabendo às Religiões, realizando a religação com Deus, torná-las conhecidas, trazendo-as ao campo da razão e da emoção, para que se tornem ativas nos indivíduos, plenificando-os de Luz. No “Sabedoria e no Amor” está a síntese das Leis Divinas, alcançá-las em plenitude é o trabalho da evolução humana, pois só aí se encontra a felicidade a paz ansiada pelos homens.

A presença, em todos eles, dos Instrutores Espirituais (Guias e Protetores) que assumem a roupagem fluídica de Caboclos, Crianças, Pais Velhos, já é o alerta principal para a mudança de vida e de valores, dentro da vivência das Leis de Deus. O Caboclo simboliza a Fortaleza, atributo necessário à vivência espiritual. Essa fortaleza só vai existir na simplicidade e serenidade perante a vida, na busca incessante do crescimento espiritual, sabendo valorizar o espiritual, na vivência da presente encarnação.

O Pai Velho ou Preto-Velho vem simbolizar a Sabedoria, que é fruto da vivência, do sofrimento e do conhecimento das coisas espirituais. Só o sábio é humilde, pois só quem conhece a grandeza e a misericórdia de Deus em relação a nossa pequenez e ignorância é capaz de ser humilde, e compreender os seus semelhantes.

A Criança simboliza, por sua vez, a Pureza. Essa Pureza está pousada na capacidade de amar na verdade, de confiar na ação do Pai, de ser feliz por existir e saber que é amado, destruindo no coração as mágoas, o orgulho e a vaidade, para amar os seus irmãos no respeito e no perdão. Assim é a Umbanda. No Templo Espiritualista devemos vivenciar o Movimento Umbandista de forma a trazer para o culto, práticas de tratamentos e estudo, o tripé espiritualista do ESTUDO, DISCIPLINA e TRABALHO, que acreditamos necessário a um movimento ascendente dos seus membros, onde os irmãos que nos procurem encontrem repostas aos anseios dos seus corações, no Coração Misericordioso de Jesus.

A umbanda é a Lei regida por princípios e regras em harmonia que não podemos alterar pela simples vontade; todos os que conscientemente, tentaram alterá-la, sofreram diferentes dissabores. Repetimos e afirmamos: a Umbanda é o movimento do Círculo Inicial do Triângulo e este, é o Ternário ou a Tríade, que exterioriza suas vibrações através das Três Formas ordenadas pela Lei, que são místicas pois simbolizam: A pureza, que nega o vício, o egoísmo e a ambição; A simplicidade, que é o oposto da vaidade, do luxo e da ostentação; A humildade, que encerra os Princípios do amor, do sacrifício, e da paciência, ou seja, a negação do poder temporal... No entanto, o Espírito, o nosso eu Real, jamais revelou, nem revelará, a sua verdadeira essência e "forma", compreenda-se bem, sua "forma-essencial". Ele externa sua consciência, seu livre arbítrio, por sua alma, pelo corpo mental, que engendra os elementos para a formação do denominado Corpo Astral ou Perispírito, que é uma "forma durável", fixa, podemos dizer.

Tentaremos então explicar, que o espírito não tem Pátria, porém, conserva em si ou forma a sua alma pelos caracteres psíquicos de vários renascimentos, em diferentes Pátrias. Os ocupantes das formas que revelam um Karma limpo, uma iluminação interior, é que são chamados a cumprir missão na Lei de Umbanda, e por seus conhecimentos e afinidades, são ordenados em uma das Três Formas já citadas... velando assim suas próprias vestimentas karmânicas.

Esta metamorfose é comum aos que tomam a função de Orixás ou Guias que assim procedem, escolhendo por afinidade uma dessas formas em que muito sofreram e evoluíram numa encarnação passada.

Quando à chamada apresentação desses Espíritos, cremos ter ficado patente que o fazem sempre e invariavelmente dentro dessas três roupagens fluídicas como Orixás, Guias e grande percentagem dos que chamamos de Protetores, porque, parte destes, não necessita dessa adaptação, por já conservarem como próprias.

Nesta altura, faz-se necessário uma elucidação: sabemos, pelos ensinamentos dos Orixás, que essa Lei, essa Umbanda, é vivente em outros países, talvez não definida ainda com este nome, porém, os princípios e regras serão os mesmos. Quanto às "formas" são ou poderão ser as três que simbolizem, nestes países, os mesmos qualificativos que os nossos, ou sejam os mesmos no Brasil(Pureza,Simplicidade e Humildade). Agora por suas apresentações nos aparelhos (médium) devemos compreender como:características tríplices das manifestações chamadas incorporativas, que se externam: E essas características, salvo situações especiais, são inalteráveis em qualquer aparelhos, cujo Dom real o qualifique como Inconsciente(totalmente dirigido) ou Semi-Inconsciente(parcialmente dirigido). Então vamos passar a identificar, de um modo geral, os sinais exteriores, os fluídos atuantes e as tendências principais dos Orixás, Guias e Protetores, através de suas "máquinas transmissoras" pelas Vibrações ou Linhas, em número de SETE.

PONTOS RISCADOS - São identificação dos Guias. Cada Guia e cada Orixá tem seu ponto riscado. Os pontos são riscados com pemba. Mas o ponto não se resume apenas a identificação de um guia, linha, falange ou Orixá; ele pode fechar o corpo de um médium, pois a escrita sagrada se utiliza de magia para que qualquer espírito perturbado não se aproxime.

PEMBA - Espécie de giz em forma cônico-arredondada, em diversas cores, como sejam: branco, vermelho, amarelo, rosa, roxo, azul, marrom, verde e preto, servindo para riscar pontos e outras determinações ordenadas pelos Guias, sendo que conforme a cor trabalhada com pemba, pode se identificar a Linha a que pertence a Entidade, ou a Linha que trabalhará naquele ponto.

Alguns elementos básicos dos Pontos Riscados
Um Ponto – O Ser Supremo, a origem.
Uma Linha Reta – O Mundo Material.
Duas Linhas Retas - O Princípio. o Masculino e o Feminino.
Uma Linha Curva – A Polaridade.
Dois Traços Curvos - As duas polaridades – positiva e negativa.
Um Triângulo de Lados Iguais – A Força Divina – Pai, Filho e Espírito Santo – Santíssima Trindade.
Dois Triângulos (Hexagrama) - Estrela de seis pontas – todas as Forças do Espaço.
Um Quadrado – O os 4 elementos (Água, Terra, Fogo e Ar).
Um Pentagrama -A Estrela de Davi e o Signo de Salomão. A Linha do Oriente, Oxalá, a Luz de Deus.
Três estrelas também representam os Velhos e Almas.
Círculo – O Universo, a Perfeição.
Um Círculo com Dois Diâmetros Entre Si – O Plano Divino, o Quaternário Espiritual.
Círculos Menores e Semicírculos – A fases da lua (símbolo de Iemanjá), forças de luz, inclui Iansã.
Círculo com Estrias Externas - O sol (símbolo de Oxalá).
Espiral – Para fora indica chamamento de força, retirando demanda.
Seta Reta ou Curva e Bodoque – Irradiação de Oxossi (caboclo).
Balança, Machado ou Nuvem – Símbolos de Xangô e do Oriente.
Raio (condições atmosféricas) – Símbolo de Iansã.
Espada Curva – Símbolo de Ogum.
Espada Reta - Símbolo de Iansã.
Bandeira Branca com Cruz Grega Vermelha - Símbolo de Ogum.
Flôr ou Coração – Símbolos de Oxum.
Coração com uma Cruz no Interior – Símbolo de Nanã.
Traços Pequenos na Vertical (chuva) - Símbolo de Nanã.
Folhas ou Plantas – Símbolos de Ossanha.
Tridentes – Símbolos para Exu e Pomba-gira; garfos curvos para a Calunga e retos para a Rua. (Pode haver ou não caveira)
Cruz Latina Branca – Cruz de Oxalá.
Cruz Grega Negra – Com pedestal, símbolo de Omulu.
Arco-íris – Símbolo de Oxumaré.
Estrela Branca (Oriente) – Luz dos espíritos.
Estrela Guia (com cauda) - Símbolo da capacidade de acompanhamento (Oriente).
Um Oito Deitado (Lemniscata) – Símbolo do Infinito.
Cordão com Nó ou um Pano – Símbolo das crianças.
Conchas do Mar – Símbolo das crianças.
Águas Embaixo do Ponto – Símbolo de Iemanjá (mar).
Pequenos Traços de água – Símbolo de Oxum.
Traço ou Linha Curva com Círculo nas Pontas – Símbolo de força, amarração e descarrego.
Rosa dos Ventos – Chamamento de força ou descarrego.
Palmeiras ou Coqueiros – Força dos Velhos
Traço com Três Semicírculos nas Pontas - Descarrego e força também.

Biografia de Zélio de Moraes

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